Gercilene Meireles (1), Luciene Teixeira Barbosa (2),
Marcos Moreira de Jesus (3), Silvana de Jesus (4), Maria
da Paz Rodrigues (5).
1 Graduando em Geografia, Universidade do Estado da
Bahia (UNEB), Campus XI, e-mail:
gessy.meireles@hotmail.com; 2 Graduanda em Geografia – UNEB – Campus XI - luciene.t.barbosa@hotmail.com; 3Graduando em Geografia – UNEB – Campus XI -
moreira.40@hotmail.com; 4Graduanda em
Geografia – UNEB – Campus XI - silvana_brasa@yahoo.com.br; 5Orientadora Departamento de Educação, UNEB-Campus XI,
e-mail: pazrodrigues2@gmail.com.
Palavra Chave: Disparidade, Urbanidade, Rural
Introdução
Este artigo tem como objetivo apresentar as urbanidades
presentes no Povoado do Setor de São Francisco, localizado no município de
Teofilândia-Ba, limita-se ao Norte com Araci, ao Leste e Sul Biritinga e ao Oeste
com Teofilândia, que é a sede do próprio município. A população estimada deste Povoado
é de aproximadamente 2.000 habitantes, sendo que, 1.700 residem em uma área sem
pavimento e 300 em uma área pavimentada, onde estão centralizados alguns
serviços como saúde, educação, supermercado, bares e etc. Sua economia é
baseada no setor primário, destacando-se o cultivo de milho, mandioca, feijão,
ou seja, a agricultura na região apresenta uma reduzida dimensão de exploração,
visando o autoconsumo e abastecimento local.
Nesta perspectiva, pretendemos
levar o leitor a uma analise reflexiva sobre as definições e interações que
denominamos “urbanidades no rural”, mostrando que atualmente esta definição
entre rural e urbano torna-se um elemento de difícil definição, visto que na concepção tradicional o rural
sempre foi visto como o lugar do atraso, da rusticidade e das poucas
oportunidades, enquanto o urbano era o lugar do moderno, do progresso e das
oportunidades. Porém, tanto o espaço rural quanto o urbano vem passando por
grandes transformações, a exemplo, modernização da agricultura e maior
facilidade de acesso aos meios de comunicação e transporte, fatores estes
apontados como responsáveis pelas alterações do meio rural que participam de
lógicas complexas que se integram desigualmente.
Tomando
por base as inúmeras definições que envolvem os conceitos e discursões acerca
da relação entre rural-urbano, este artigo procura analisar e compreender a
influencia do capitalismo no Povoado Setor de São Francisco, considerando para
tanto, os elementos rurais e urbanos que interagem na reconstrução desse
espaço. Portanto, para a consecução do objetivo
proposto, propõe-se inicialmente uma breve discussão sobre as definições e
conceitos referentes às ruralidades e urbanidades. Na sequência, são
apresentadas algumas características desse processo no Povoado Setor município
de Teofilândia, além de entrevistas pessoais com moradores locais.
Como justificativa, o estudo em
questão traduz a singularidade da construção das relações entre o rural e o
urbano no Povoado Setor, com vinculação e articulação entre tradicional e
moderno.
Material
e métodos
A metodologia usada para realização deste
trabalho foi dividida em caracterização da área e Instrumentos para coleta de
dados: Para isso foi necessário pesquisa de campo, revisão bibliográfica,
consulta em sítios da internet, registros de imagens, além de entrevistas com
lideranças locais buscando identificar e compreender por meio de suas falas as
intrincadas formas de produção do espaço rural recriada pelo capitalismo.
Resultados e discussão
O Povoado Setor de São
Francisco possui uma grande influencia urbana. As urbanidades estão presentes
tanto na paisagem quanto no modo de vida das pessoas, desde a facilidade de
acesso aos meios de informação, até a recente forma de ocupação do espaço, resultando
em alterações comportamentais de conteúdos sociais e culturais. A cultura na
região esta sendo influenciada pelas urbanidades e isto é perceptível nas
formas de comunicação, na fala das pessoas, nos alimentos, nas adaptações das
festas, no jeito de vestir, nas musicas, no intensivo uso de produtos
comercializados nas áreas urbanas. Além
desses elementos identificados com “costumes urbanos”, existe outro muito
eminente no povoado, à feira livre que acontece aos domingos e, onde são
comercializados alimentos, artigos artesanais, roupas, calçados, etc.
No
Povoado de Setor existem algumas áreas pavimentadas e outras não. O numero de
pessoas que residem em área calçadas é de aproximadamente 300 pessoas e 1.700
residem em áreas sem pavimento. Sua
economia é baseada no setor primário, destacando-se o cultivo de milho,
mandioca, feijão, ou seja, a agricultura na região apresenta uma reduzida
dimensão de exploração, visando o autoconsumo e abastecimento local. No Povoado
do Setor existem duas festas importantes, a festa da Pindoba, que acontece em
junho, e a festa do Vaqueiro, em setembro. Entretanto, com a influência da
indústria cultural estas festas vêm perdendo suas origens e os costumes do
rural abrem espaço para as atrações mecanizadas que atrai a região. Deste modo, as festividades no povoado perdem
suas características tradicionais, ou seja, da festa caipira, com seu forro pé
de serra e do desfile de vaqueiro todos acompanhando o cortejo montados em seu
cavalo, com chapéu de couro e gibão para dividir espaço com a música eletrônica
e com os automóveis.
Conclusões
Os resultados obtidos permitem perceber um
espaço onde as ruralidades transformam-se diante da lógica do capitalismo que
se intensificam com o uso da técnica através das atividades agrícolas que
incorporam novas tecnologias industriais ao campo, como também de produtos
definidos pelo capitalismo que são ampliadas pelo mercado. Linder &
Wandscher [1] (2001), coloca que: a concepção tradicional do rural como lugar
do atraso e da rusticidade e do urbano como lugar do progresso e da modernidade,
não pode ser tidas com representações absolutas desses espaços. Portanto, na
atualidade os conceitos de ruralidade e urbanidade inseridos no debate em
questão precisam incorporar novos analises sobre as dinâmicos presentes na
configuração do espaço geográfico das áreas rurais, pois o interesse das
instituições capitalista no meio rural volta-se para abertura de novos mercados
no espaço rural tornando-se viável a criação de novas atividades (agrícolas e
não agrícolas) nestas áreas. Rua [2] (2006), ressalta que o rural esta
integrada as transformações do mundo atual de (re) organização do espaço pelo
capitalismo, ele permanece como tal, recriando e integrando novas logicas.
Nesta perspectiva podemos observar que no Povoado Setor apesar de ainda existir
ocorrência de manifestações culturais nos espaços livres elas estão dando
visibilidade às novas formas de produção e consumo cultura que vem acompanhada
pelo processo da cultura industrial produzida pelo capitalismo.
Para
Lefebvre [3], (2001):
Seja como for, a cidade em expansão ataca o campo, corrói-o,
dissolve-o, não sem efeitos paradoxais observados anteriormente. A vida urbana
penetra na vida camponesa despojando-a de seus elementos tradicionais:
artesanatos, pequenos que definham em proveito dos centros urbanos, (LEFEBVRE,
2001, p. 69).
Contudo, percebe-se no Povoado Setor em toda
sua extensão a presença marcante das urbanidades, elas estão expressas na
paisagem, festas, modo de vida das pessoas... Enfim, existem diversos elementos
que denunciam neste município características urbanas.
Referência
[1] LINDNER, Michele;
WANDSCHEER, Elvis Albert Robe. Manifestações das ruralidades em pequenos municípios gaúchos:
o exemplo da Quarta Colônia de Imigração Italiana. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/11960/6986.
Acesso em 05 agosto. 2014.
[ 2] RUA, J. Urbanidades e novas ruralidades
no Estado do Rio de Janeiro: algumas considerações teóricas. In: MARAFON, G. J.
; RIBEIRO, M. F. (Org.). Estudos de
Geografia Fluminense. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Infobook, 2002. p.
27-42.
[3] LEFEBVRE,
Henri. O Direito à Cidade. Tradução
de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro, 2001.
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