sábado, 21 de março de 2015

A URBANIDADE PRESENTE NO POVOADO DO SETOR DE SÃO FRANCISCO NO MUNICIPIO DE TEOFILÂNDIA-BA



Gercilene Meireles (1), Luciene Teixeira Barbosa (2), Marcos Moreira de Jesus (3), Silvana de Jesus (4), Maria da Paz Rodrigues (5).

1 Graduando em Geografia, Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XI, e-mail:  gessy.meireles@hotmail.com; 2 Graduanda em Geografia – UNEB – Campus XI - luciene.t.barbosa@hotmail.com; 3Graduando em Geografia – UNEB – Campus XI - moreira.40@hotmail.com; 4Graduanda em Geografia – UNEB – Campus XI - silvana_brasa@yahoo.com.br; 5Orientadora  Departamento de Educação, UNEB-Campus XI, e-mail: pazrodrigues2@gmail.com.

Palavra Chave: Disparidade, Urbanidade, Rural

Introdução
Este artigo tem como objetivo apresentar as urbanidades presentes no Povoado do Setor de São Francisco, localizado no município de Teofilândia-Ba, limita-se ao Norte com Araci, ao Leste e Sul Biritinga e ao Oeste com Teofilândia, que é a sede do próprio município. A população estimada deste Povoado é de aproximadamente 2.000 habitantes, sendo que, 1.700 residem em uma área sem pavimento e 300 em uma área pavimentada, onde estão centralizados alguns serviços como saúde, educação, supermercado, bares e etc. Sua economia é baseada no setor primário, destacando-se o cultivo de milho, mandioca, feijão, ou seja, a agricultura na região apresenta uma reduzida dimensão de exploração, visando o autoconsumo e abastecimento local.
Nesta perspectiva, pretendemos levar o leitor a uma analise reflexiva sobre as definições e interações que denominamos “urbanidades no rural”, mostrando que atualmente esta definição entre rural e urbano torna-se um elemento de difícil definição, visto que na concepção tradicional o rural sempre foi visto como o lugar do atraso, da rusticidade e das poucas oportunidades, enquanto o urbano era o lugar do moderno, do progresso e das oportunidades. Porém, tanto o espaço rural quanto o urbano vem passando por grandes transformações, a exemplo, modernização da agricultura e maior facilidade de acesso aos meios de comunicação e transporte, fatores estes apontados como responsáveis pelas alterações do meio rural que participam de lógicas complexas que se integram desigualmente.
Tomando por base as inúmeras definições que envolvem os conceitos e discursões acerca da relação entre rural-urbano, este artigo procura analisar e compreender a influencia do capitalismo no Povoado Setor de São Francisco, considerando para tanto, os elementos rurais e urbanos que interagem na reconstrução desse espaço.  Portanto, para a consecução do objetivo proposto, propõe-se inicialmente uma breve discussão sobre as definições e conceitos referentes às ruralidades e urbanidades. Na sequência, são apresentadas algumas características desse processo no Povoado Setor município de Teofilândia, além de entrevistas pessoais com moradores locais.
Como justificativa, o estudo em questão traduz a singularidade da construção das relações entre o rural e o urbano no Povoado Setor, com vinculação e articulação entre tradicional e moderno.
      
Material e métodos
A metodologia usada para realização deste trabalho foi dividida em caracterização da área e Instrumentos para coleta de dados: Para isso foi necessário pesquisa de campo, revisão bibliográfica, consulta em sítios da internet, registros de imagens, além de entrevistas com lideranças locais buscando identificar e compreender por meio de suas falas as intrincadas formas de produção do espaço rural recriada pelo capitalismo.

Resultados e discussão
O Povoado Setor de São Francisco possui uma grande influencia urbana. As urbanidades estão presentes tanto na paisagem quanto no modo de vida das pessoas, desde a facilidade de acesso aos meios de informação, até a recente forma de ocupação do espaço, resultando em alterações comportamentais de conteúdos sociais e culturais. A cultura na região esta sendo influenciada pelas urbanidades e isto é perceptível nas formas de comunicação, na fala das pessoas, nos alimentos, nas adaptações das festas, no jeito de vestir, nas musicas, no intensivo uso de produtos comercializados nas áreas urbanas.  Além desses elementos identificados com “costumes urbanos”, existe outro muito eminente no povoado, à feira livre que acontece aos domingos e, onde são comercializados alimentos, artigos artesanais, roupas, calçados, etc.
No Povoado de Setor existem algumas áreas pavimentadas e outras não. O numero de pessoas que residem em área calçadas é de aproximadamente 300 pessoas e 1.700 residem em áreas sem pavimento.  Sua economia é baseada no setor primário, destacando-se o cultivo de milho, mandioca, feijão, ou seja, a agricultura na região apresenta uma reduzida dimensão de exploração, visando o autoconsumo e abastecimento local. No Povoado do Setor existem duas festas importantes, a festa da Pindoba, que acontece em junho, e a festa do Vaqueiro, em setembro. Entretanto, com a influência da indústria cultural estas festas vêm perdendo suas origens e os costumes do rural abrem espaço para as atrações mecanizadas que atrai a região.  Deste modo, as festividades no povoado perdem suas características tradicionais, ou seja, da festa caipira, com seu forro pé de serra e do desfile de vaqueiro todos acompanhando o cortejo montados em seu cavalo, com chapéu de couro e gibão para dividir espaço com a música eletrônica e com os automóveis.
Conclusões
Os resultados obtidos permitem perceber um espaço onde as ruralidades transformam-se diante da lógica do capitalismo que se intensificam com o uso da técnica através das atividades agrícolas que incorporam novas tecnologias industriais ao campo, como também de produtos definidos pelo capitalismo que são ampliadas pelo mercado. Linder & Wandscher [1] (2001), coloca que: a concepção tradicional do rural como lugar do atraso e da rusticidade e do urbano como lugar do progresso e da modernidade, não pode ser tidas com representações absolutas desses espaços. Portanto, na atualidade os conceitos de ruralidade e urbanidade inseridos no debate em questão precisam incorporar novos analises sobre as dinâmicos presentes na configuração do espaço geográfico das áreas rurais, pois o interesse das instituições capitalista no meio rural volta-se para abertura de novos mercados no espaço rural tornando-se viável a criação de novas atividades (agrícolas e não agrícolas) nestas áreas. Rua [2] (2006), ressalta que o rural esta integrada as transformações do mundo atual de (re) organização do espaço pelo capitalismo, ele permanece como tal, recriando e integrando novas logicas. Nesta perspectiva podemos observar que no Povoado Setor apesar de ainda existir ocorrência de manifestações culturais nos espaços livres elas estão dando visibilidade às novas formas de produção e consumo cultura que vem acompanhada pelo processo da cultura industrial produzida pelo capitalismo.  

 Para Lefebvre [3], (2001):
Seja como for, a cidade em expansão ataca o campo, corrói-o, dissolve-o, não sem efeitos paradoxais observados anteriormente. A vida urbana penetra na vida camponesa despojando-a de seus elementos tradicionais: artesanatos, pequenos que definham em proveito dos centros urbanos, (LEFEBVRE, 2001, p. 69).

Contudo, percebe-se no Povoado Setor em toda sua extensão a presença marcante das urbanidades, elas estão expressas na paisagem, festas, modo de vida das pessoas... Enfim, existem diversos elementos que denunciam neste município características urbanas.



Referência

[1] LINDNER, Michele; WANDSCHEER, Elvis Albert Robe. Manifestações das ruralidades em pequenos municípios gaúchos: o exemplo da Quarta Colônia de Imigração Italiana. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/11960/6986. Acesso em 05 agosto.  2014.

[ 2] RUA, J. Urbanidades e novas ruralidades no Estado do Rio de Janeiro: algumas considerações teóricas. In: MARAFON, G. J. ; RIBEIRO, M. F. (Org.). Estudos de Geografia Fluminense. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Infobook, 2002. p. 27-42. 


[3] LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro, 2001.

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